O tema deste artigo foi suscitado inicialmente pelo pequeno texto de Raul Lino (1879-1974) contido no catálogo da famosa e polémica exposição retrospectiva da sua obra realizada pela Fundação Gulbenkian em 1970, em Lisboa, onde o autor referia ter gozado, no projeto de instalação da Legação de Portugal em Berlim, da mesma autonomia que conhecera no arranjo dos palácios nacionais, e que lhe permitiu a utilização das artes decorativas para afirmar a “portugalidade” de um ambiente a criar internacionalmente num tempo de máxima significação nacionalista. Tendo por fonte o espólio documental do arquiteto guardado na Biblioteca de Arte da FCG, este estudo procura dar a conhecer os ambientes criados, e contextualizar essa produção, entendendo-a como expressiva de uma “visão do mundo” de Raul Lino. Acresce o interesse cripto-histórico que toda esta resultante decorativa e ambiental ganhou após a sua destruição total pelos bombardeamentos aliados, pouco tempo depois da instalação da legação.
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