Tanto no documentário "Di-Glauber", de Glauber Rocha, feito a partir da morte do pintor Di Cavalcanti, como em "Glauber o filme, labirinto do Brasil", documentário de Silvio Tendler, o ritual de morte é a base da montagem, elemento fundamental de estruturação de cada um dos filmes. No presente trabalho, faz-se uma análise da montagem de ambos com base nas reflexões de Einsenstein e de Pudovkin. Em "Di-Glauber" há uma montagem paralela tanto da imagem quanto da música. As cenas do velório e do enterro são alternadas com planos de elementos variados: pinturas de Di Cavalcanti e um ator negro dançando, recortes de jornal etc. Uma música solene de Heitor Villa-Lobos corresponde, no princípio, às cenas do velório, alternada com um alegre chorinho brasileiro, até que, com a entrada do samba de Lamartine Babo no velório, este toma definitivamente um tom de Carnaval. É, segundo Eisenstein, um contraponto visual. Glauber faz da morte uma festa. Já em "Glauber o filme, labirinto do Brasil", embora o velório e o enterro de Glauber Rocha sejam o elemento de base de sua montagem, ela não é feita de maneira tão alternada e frenética quanto em "Di". As seqüências do enterro de Glauber são entremeadas por imagens de arquivo, longas seqüências de depoimentos e grafismos com informações didáticas. São utilizadas também músicas de Villa-Lobos, mas elas buscam provocar tristeza e amplificar o efeito das imagens de choro em close e os discursos emocionados no enterro.
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