13 de maio: História de um feriado lisboeta e da memória de Pombal na capital portuguesa

Autores

  • Paulo Almeida Fernandes Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa; Centro de Estudos em Arqueologia, Artes e Ciências do Património, Universidade de Coimbra; Museu de Lisboa, Portugal https://orcid.org/0000-0002-2572-2072

DOI:

https://doi.org/10.53943/ELCV.0123_80-103

Palavras-chave:

Marquês de Pombal, memória pública, 13 de maio, culto político

Resumo

Mais de dois séculos e meio após o terramoto de 1755, Sebastião José de Carvalho e Melo é um nome ainda indissociável da História da capital portuguesa. Poucos lisboetas saberão, contudo, que a data do seu nascimento (13 de maio) foi já feriado municipal. Quando tal sucedeu, em 1926, por decisão do executivo autárquico, a figura do Marquês de Pombal era objeto de culto político desde os primeiros tempos da monarquia constitucional e, no momento de eleger a data do feriado municipal, a Câmara escolheu aquele que era considerado o «reedificador de Lisboa». Esta opção foi apenas uma de várias iniciativas municipais que culminavam num espírito Oitocentista fortemente relacionado com Pombal. Ao longo de praticamente 100 anos e percorrendo três regimes, o Marquês foi uma figura considerada heroica e unificadora de uma ideia de Portugal. 1926 foi um ano-destino dessa reverência histórica ao ministro de D. José, um momento tão decisivo como efémero na gestão da memória pública desta controversa figura.

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Publicado

30-06-2023